Eu avisei

Este texto foi publicado dia 22/11/2018, atualizado dia 23/11/2018.

Pintura de Zdzislaw Beksinski

Abaixo estão algumas matérias e comentários de usuários de redes sociais.





Pensei em comentar sobre as duas primeiras imagens, mas não vou. Não preciso. Os comentários já estão nos textos que escrevi em outubro, muito antes dessas notícias saírem.

Apenas tratarei (muito rapidamente) dos comentários da terceira notícia: há educação sexual e de gênero há décadas na Alemanha e na maioria esmagadora dos países europeus, além do que o aborto é legalizado na maior parte da Europa há décadas, como na Suécia, país que também tem educação sexual e de gênero há muito tempo e é um paraíso na Terra perto de nações muito religiosas como o Brasil, a Turquia e o Irã.

Por acaso parece que Suécia, Reino Unido, Dinamarca, Noruega, Finlândia, França e Alemanha têm sofrido de algum tipo de "ira divina" nos últimos sessenta, setenta ou oitenta anos? Não. O Japão também legalizou o aborto há décadas. Onde está a ira divina lá? Os Estados Unidos também liberaram o aborto há muito tempo e não houve nenhum castigo divino que os destruísse. Pode ser que, agora, com um demagogo incompetente na presidência, eles consigam, através das indicações de juízes conservadores para a Suprema Corte, tornar o aborto ilegal novamente, para o delírio de pessoas como as que comentaram na matéria.

A pergunta que fica é: de onde as pessoas tiram informações grotescas como essas? Resposta: de gurus imbecis da Internet, que apelam para os preconceitos comuns ao brasileiro médio e inculto, e de líderes religiosos que lucram rios de dinheiro em cima de pessoas que procuram um sentido para suas vidas.

Durante o processo eleitoral, nunca tive uma dúvida quanto a isto: nós, brasileiros, saímos de anos de demagogia barata e projeto de poder partidário para cairmos em outra demagogia barata e projeto de poder religioso. Digladiem-se o quanto quiserem na Internet e na vida real, mas no final do dia somos apenas peões nas mãos de um bando de loucos narcisistas que sabem que a existência não tem sentido algum e, por isso, querem deixar sua marca na história, mesmo que seja negativa. A multidão olha para líderes políticos e religiosos com esperança. Eu os enxergo como versões mais sofisticadas de Eric Harris e Dylan Klebold.