Filmes pessimistas
O que é o pessimismo filosófico? Trato mais a fundo essa pergunta nos textos: O Peso das Memórias ; Cioran, a filosofia do desespero e suas implicações éticas ; Pessimismo e antinatalismo no pensamento sul-americano: a ética negativa de Julio Cabrera e Precisamos falar sobre o antinatalismo. Resumidamente, podemos dizer que o pessimismo filosófico gira em torno da conclusão de que o fenômeno da vida não é especial para o universo, que a dor e o tédio são componentes fundamentais da vida animal (portanto, há um imenso desvalor em ser vivo, especialmente quando somos dotados da capacidade de sentirmos dor física e mental, visto que dor e tédio são as forças propulsoras da vida animal), e que a nossa resposta ética frente a isso deve ser a negação da vida. Por negação da vida, os filósofos pessimistas não querem dizer que o suicídio é a única ou a melhor opção, muito embora eles não condenem o suicida como fazem as diversas moralidades religiosas. A negação que eles propõem geralmente gira em torno de uma abstenção da continuidade do ciclo da vida, muitas vezes ligada à abstenção da procriação.
Clássico do neo-noir, o filme se passa na década de 1950 e segue Jake Gittes (interpretado por Jack Nicholson), um detetive particular que descobre uma trama de pessoas poderosas para adquirir terras valiosas na Califórnia a um preço muito abaixo do seu valor de mercado. Para isso, eles se utilizam do departamento de águas de Los Angeles, fazendo com que ele deixe de irrigar determinadas áreas, o que diminuirá o seu valor. Durante a investigação, Jake se envolve com a filha de um desses poderosos, Evelyn Cross Mulwray (interpretada por Faye Dunaway), que fora estuprada pelo pai quando tinha 15 anos e teve uma filha dele. No meio desse caos, ele tenta arranjar um jeito delas fugirem para o México, mas o plano não dá certo. Com a ajuda de seus capangas, o pai de Evelyn, Noah Cross, obriga Jake levar ele até Evelyn e sua filha-neta.
Chegando ao esconderijo, que fica no bairro chinês de Los Angeles, a polícia já espera por eles, pronta para servir ao poderoso Noah e seus comparsas ricos. Porém, Evelyn não aceita ir com seu pai, atira no seu braço e tenta fugir de carro junto com sua filha-irmã. Antes que o carro pudesse pegar velocidade, a polícia dispara em direção ao veículo, matando Evelyn com um tiro na cabeça. Noah leva sua filha-neta embora e a polícia solta Jake, visto que o objetivo de Noah esse tempo todo era apenas recuperar suas filhas, especialmente sua filha-neta, quem ele provavelmente irá estuprar pelo resto da vida. Ao chegar ao local, um dos parceiros de Jake, vendo sua desolação diante daquela cena, diz a famosa frase para o seu amigo: "Forget it, Jake. It's Chinatown." A frase é uma referência a um antigo caso que Jake investigou, mas que também acabou em desgraça no mesmo bairro chinês.
O tema de forças poderosas intransponíveis, nesse caso forças poderosas humanas, é um mote do neo-noir. Por mais que se tente escapar para um futuro melhor, por mais que se tente "ir para o México" ou alguma outra alegoria da vitória e da felicidade, a desgraça sempre dá um jeito de vencer no final. É sempre Chinatown.
Um clássico com Robert Duvall, Faye Dunaway e Peter Finch (que recebeu o primeiro Oscar de atuação póstumo por ter representado Howard Beale, o personagem principal). O filme gira em torno de Beale, um âncora viúvo, alcoólatra e depressivo que resolve expor no ar toda sua frustração quando recebe a notícia de que será demitido devido baixa audiência. Seu discurso gera forte comoção e um aumento na audiência do jornal, fazendo com que executivos do conglomerado que controla o jornal televisivo utilizem Beale como uma espécie de "apresentador-profeta" dos tempos modernos. Beale aceita a proposta dos executivos. Apesar de se enxergar como um idealista, descobrimos que ele está apenas sendo usado pelos donos do poder para passar uma mensagem ao público.
Quando ele sai do script uma noite, acaba produzindo um dano no fluxo do dinheiro dos poderosos: seus telespectadores mandam milhões de cartas ao presidente dos Estados Unidos pedindo que ele barre uma fusão entre diferentes veículos de comunicação, o que ameaçaria a liberdade jornalística. Por esse pecado, Beale é admoestado pelo CEO do conglomerado. O CEO explica para Beale não haverem democracias, nem ditaduras, nem capitalismo, nem comunismo, nem socialismo, mas sim um fluxo de dinheiro e poder que controla todas as vontades humanas, independente de credo, cultura, religião, ideologia, e que este fluxo não tem propósito algum, não há finalidade alguma, ele apenas ocorre desde que o ser humano saiu da sopa primordial.
Outra história escrita por Cormac McCarthy. O filme se passa depois de um apocalipse mundial não especificado. Seguimos um pai (interpretado por Viggo Mortensen) e um filho, ainda bem criança, em uma jornada a pé até uma das costas dos Estados Unidos. Eles buscam alguma esperança num mundo completamente cinza, sem comida, onde o solo já não dá mais nada. Há uma escassez completa, ao ponto de quase não existirem outros animais para comer, o que faz com que muitos homens andem em bando, catando e aprisionando pessoas mais fracas com o objetivo de comer partes dos seus corpos.
Ao longo do filme, vemos flashbacks que mostram a tentativa do pai em convencer a mãe (Charlize Theron) a permanecer com ele na casa, cuidando do filho. Contudo, a mãe perde todas as esperanças. Ela tenta convencer o pai a matar o filho e depois cometer suicídio junto com ela, algo que ela afirma que muitos vizinhos já fizeram. A razão que ela dá para esse ato extremo é que o mundo acabou, não há mais ordem, além do que não há mais comida e nem esperança alguma de um retorno ao normal. Ela cita os bandos de homens que estão se aproveitando dessa situação para estuprar mulheres e crianças e depois comê-las para sobreviver. Num determinado flashback, vemos que a mãe abandonou os dois, indo para fora da casa durante uma noite, para nunca mais voltar. A única coisa que mantém viva a esperança do homem é ajudar o menino, para quem ele diz que devemos sempre manter a acesa "chama" da humanidade.
Este filme possui análises muito mais profundas do que a simples exposição que farei aqui. Existem resenhas complexas e teses que abordam o aspecto alegórico da depressão da personagem Justine (interpretada por Kirsten Dunst), algo que não me atreverei a fazer neste pequeno review.
A primeira parte do filme mostra o casamento de Justine e a desastrosa recepção que se segue, na mansão da irmã de Justine (interpretada por Charlotte Gainsbourg) e de seu marido (interpretado por Kiefer Sutherland). Ao longo da recepção, vemos a total falta de funcionalidade da família rica e das outras pessoas que os cercam. O casamento começa e acaba ali mesmo. Ainda na primeira parte, o personagem de Sutherland, que gosta de astronomia, nota que uma estrela não está aparecendo no céu, mas ninguém dá bola para isso.
Na segunda parte do filme, vemos Justine sendo trazida para a mansão de sua irmã. Seu estado é deplorável. Ela sofre de depressão profunda, mal consegue se alimentar, caminhar ou dar atenção para o sobrinho que a ama. Justine necessita de ajuda até para tomar banho. No meio desse drama particular, descobrimos a razão pela qual a tal estrela estava encoberta naquela noite, muitos meses atrás: um planeta errante, que vaga pelo espaço sem rumo, estava cobrindo sua luz, avançando em direção à Terra. O consenso na comunidade científica é de que não há perigo, pois ao que tudo indica, pelas órbitas calculadas, o planeta — batizado de Melancholia — passará pela Terra sem nos atingir. Visto que Melancholia é algumas vezes maior do que a Terra, caso ocorresse uma colisão, ela resultaria no total aniquilamento do nosso planeta e o fim de toda a vida.
A medida que Melancholia se aproxima, Justine vai se revitalizando, mas não muito. Ela deseja que o planeta venha. Sua irmã começa a ficar muito preocupada e procura teorias apocalípticas na internet, encontrando alguns astrônomos que discordam do consenso científico tranquilizador. Seu marido diz que não há nada a temer e acha que a passagem de Melancholia pela Terra será um espetáculo único na história da humanidade. Em uma passagem emblemática do pessimismo inerente ao filme, Justine diz para a irmã que não existe vida fora da Terra, que ela consegue sentir que estamos sozinhos no universo. Justine fala coisas ainda piores para sua irmã: ela diz que toda a vida é má e merece ser extirpada completamente do universo, algo que ela afirma que Melancholia fará ao colidir com o nosso planeta.
Finalmente chega o dia em que o planeta errante passará pela Terra e se afastará. O fenômeno pode ser visto a olho nu. Todos na casa observam maravilhados o acontecimento e, para alívio da irmã de Justine, Melancholia começa a se afastar. Ela resolve cochilar. Ao acordar, não encontra mais seu marido. Ela então percebe que Melancholia está ficando cada vez maior no céu, exatamente como os astrônomos dissidentes previram: primeiro, o planeta errante passaria por nós, depois retornaria e se chocaria com a Terra, matando toda a vida. Ela se desespera, vai atrás do marido e o encontra morto no estábulo, perto dos cavalos (sim, eles são muito ricos). Em uma de suas mãos há uma caixa de remédios vazia, o que mostra que ele se suicidou depois de perceber que estava errado e que o mundo vai mesmo acabar. Ela então acorda Justine e elas resolvem passar o fim do mundo juntas no jardim com o menino. Justine brinca com seu sobrinho, dizendo que eles estão protegidos por uma tenda mágica, enquanto sua irmã finge estar tranquila, mas na verdade está completamente desesperada. O choque ocorre e a vida chega ao fim.
O Nevoeiro (The Mist), 2007, dirigido por Frank Darabont
Adaptado de um conto de Stephen King, a história se passa em uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos. Nunca sabemos ao certo a origem do nevoeiro, mas tudo indica que foi um experimento militar que resultou na abertura de uma passagem para outra realidade, habitada por monstros grotescos, que lembram misturas abomináveis de insetos, aracnídeos, crustáceos e tudo mais o que pudermos imaginar. Esses seres parecem vir de dentro da névoa que se espalha por toda a região, que fica incomunicável com o resto do mundo. A história propriamente dita acompanha um grupo de pessoas que toma refúgio num supermercado em meio ao nevoeiro. Desesperados e divididos por fanatismo, alguns humanos começam a querer matar os outros, tomados por um frenesi religioso descabido. Os personagens principais, a quem vou chamar de "grupo de sensatos", dentre eles um pai (David, interpretado pelo ator Thomas Jane) e um filho pequeno, conseguem escapar do caos para dentro de um dos carros que estão no estacionamento.
O pequeno grupo de sensatos, liderado por David, dirige pela estrada procurando um fim para o nevoeiro, mas eles encontram apenas morte e destruição, sem a possibilidade de conseguirem sair do automóvel, visto que as criaturas monstruosas e assassinas parecem ter tomado todo o planeta. Há uma variedade enorme: alguns dos monstros são pequenos, outros tão grandes quanto arranha-céus; porém, todos são mortais. Armados com um único revólver e poucas balas, os adultos decidem cometer suicídio, enquanto o filho de David — a única criança dentro do carro — dorme. Ele, então, atira em todos, inclusive no seu filho. Desesperado, David tenta se matar, mas não há mais balas no revólver. Ele então resolve sair do carro, esperando ser devorado pelos monstros, mas nada acontece, apenas escutamos um barulho cada vez mais alto. Segundos depois, vemos um enorme grupo de militares andando ao lado de blindados e tanques fortemente armados, matando e incendiando as criaturas. Vendo que estavam prestes a serem salvos, David começa a gritar. Ele também observa um caminhão militar levando sobreviventes, dentre eles alguns dos fanáticos religiosos que estavam no mercado.
O detetive nova-iorquino William Somerset (interpretado por Morgan Freeman) está prestes a se aposentar. Mas antes, ele pega um último caso com o recém-chegado e metido David Mills (interpretado por Brad Pitt). O caso envolve um assassino em série que mata suas vítimas de acordo com os sete pecados capitais. As primeiras vítimas representam a gula, a avareza, a preguiça — essa vítima ainda está viva, mas completamente incapacitada e condenada a morrer em breve —, a luxúria e a soberba. No curso da investigação, Somerset e Mills ficam próximos. Ele é convidado para jantar com Mills e sua esposa (Gwyneth Paltrow). Num determinado momento, alguns dias depois, ela revela para Somerset que está grávida de Mills, algo que Mills ainda não sabe.
Antes que os detetives pudessem chegar mais perto e prender o misterioso assassino (interpretado por Kevin Spacey), ele próprio se entrega à polícia, caminhando todo ensanguentado dentro da delegacia onde os detetives estão. Ele é preso e, através de seu advogado, revela que existem outras duas vítimas enterradas em um determinado local. Porém, o assassino só o revelará a localização se Somerset e Mills forem sozinhos com ele até o lugar remoto — decisão que os detetives devem tomar nas próximas horas ou o assassino deixará de revelar o paradeiro desses dois restos mortais. Somerset e Mills concordam com a proposta, afinal, o assassino está algemado e não representa mais perigo.
Chegando ao lugar remoto, um caminhão de entrega aparece na estrada de terra adjacente. Somerset corre a pé para interceptar o caminhão, deixando Mills tomando conta do assassino, que está algemado e de joelhos. O entregador diz que não sabe de nada, apenas que um sujeito o pagou para que trouxesse a caixa endereçada a um "detetive Mills" naquele horário e lugar remoto. Somerset abre a caixa e percebe que dentro está a cabeça da mulher de Mills. O assassino armou aquela situação toda. Somerset corre para tentar desarmar Mills, mas o assassino conta o que fez. Ele também conta que a mulher de Mills estava grávida e que a matou pois tinha inveja — um dos pecados capitais — da vida normal que Mills levava. Somerset tenta convencer Mills a não atirar no assassino, pois isso daria a vitória a ele, mas Mills não aguenta e descarrega sua pistola na cabeça do lunático, tornando-se a ira — o último pecado capital a aparecer na história.
"Remake" (entre aspas, porque é completamente diferente) do filme The Thing from Another World, da década de 1950, O Enigma do Outro Mundo baseia-se na história de ficção científica intitulada de Who Goes There?, de autoria de John W. Campbell, Jr. Além do material original de Campbell, John Carpenter também foi influenciado pelo horror cósmico de H.P. Lovecraft para fazer a sua versão. O filme se passa na estação McMurdo de pesquisas científicas na Antártica. No começo da história, vemos um helicóptero sobrevoando o deserto gelado. De dentro, um homem tenta atirar num cachorro que foge pela neve. O cachorro alcança a estação americana e o helicóptero pousa. De dentro dele sai um homem gritando em norueguês, sem que os americanos entendam. O homem começa a atirar, tentando acertar o cachorro. Um dos tiros acerta um americano na perna de raspão, ao que o comandante da base responde, acertando um tiro de revólver na cabeça do norueguês. O piloto do helicóptero, então, pega uma granada e tenta arremessá-la contra os americanos, mas deixa ela cair e morre na explosão, que também destrói o helicóptero norueguês.
Os americanos ficam sem entender e dão abrigo ao cão, colocando-o noz canil da base com os outros cachorros. Alguns deles, então, resolvem checar o que aconteceu na base norueguesa. Apesar de não ser muito distante, é preciso ir de helicóptero. O piloto é R.J. MacReady (interpretado por Kurt Russell). Ao chegarem lá, os americanos descobrem a base toda destruída, algumas pessoas mortas e os restos mortais semicarbonizados de um ser que parece a fusão de duas pessoas diferentes. Eles trazem esse restos mortais bizarros e documentos de volta para a base americana. A medida que os americanos vão descobrindo o que ocorreu na estação norueguesa, tanto o cão quanto os restos mortais semicarbonizados atacam membros do time, matando-os e assimilando-os.
Eles descobrem que os noruegueses desenterraram uma nave alienígena que estava debaixo do gelo há centenas de milhares de anos. Descobrem também que havia um ocupante, e que esse ser tem a habilidade de consumir outras formas de vida, absorvendo-as e imitando-as. A paranoia toma conta de todos na base. Os homens precisam permanecer em alerta contra a coisa o tempo todo. O filme passa a mensagem de que o universo é extremamente hostil e indiferente para com nossa individualidade e, também, para com os anseios coletivos de nossa espécie, já que a coisa consome, absorve e imita todos as outras formas de vida animal que consegue dominar, adquirindo até suas memórias e sua inteligência. No final, a única maneira de derrotar a criatura é destruindo a base e congelando até a morte. Porém, ainda assim a criatura será capaz de sobreviver, visto que ela ficou enterrada em um bloco de gelo por centenas de milhares de anos e acordou quando os noruegueses a desenterraram.
Alien 3, 1992, dirigido por David Fincher
É o primeiro filme que David Fincher dirigiu, e já podemos notar nele os tons sombrios que permeariam suas outras obras cinematográficas, como Seven. Infelizmente, Alien 3 foi considerado decepcionante para a maioria dos fãs da série, que se sentiram traídos ao verem um desfecho tão triste para personagens queridos como a Ripley, o tenente Hicks, o androide Bishop e a menina Newt. Contudo, o filme é coerente com o universo no qual se passam os dois primeiros. No primeiro, descobrimos que a toda-poderosa corporação Weyland-Yutani obrigou o cargueiro espacial Nostromo a trazer a criatura de volta para a Terra por considerá-la extremamente valiosa, desconsiderando a vida dos tripulantes. Ripley, a única sobrevivente da Nostromo, dormiu dentro de uma cápsula criogênica durante 50 anos, até ser achada por uma equipe de resgate. Ela descobre que sua filha já cresceu e morreu e, para piorar ainda mais sua situação, a corporação afirma que irá responsabilizá-la pela perda da carga, visto que ela explodiu a Nostromo e escapou em uma nave de fuga.
A alternativa que a corporação dá para Ripley não ser responsabilizada é ir junto com um time de marines para uma colônia que está terraformando o mesmo planetoide no qual a Nostromo encontrou os ovos que produziram a primeira criatura. Essa é a premissa do segundo filme, Aliens: o resgate. Quando eles chegam ao planetoide, as coisas invariavelmente dão errado. No final, só sobram Ripley, Hicks, Bishop e Newt, sendo que Newt é a única dos colonos que consegue sair viva. Na viagem de retorno à Terra, todos eles entram em cápsulas criogênicas, assim como Ripley fez ao final do primeiro filme.
No início do terceiro filme, a nave que eles estavam, a Sulaco, tem um incêndio e o módulo de tripulantes é ejetado para um planeta que serve de colônia prisional. Na queda, Hicks e Newt morrem, e Bishop fica extremamente danificado (mais ainda do que estava ao final do segundo filme). Ripley sobrevive e descobre que a criatura-rainha trouxe ovos para dentro da Sulaco antes da batalha ocorrida no final de Aliens: o resgate. Um desses ovos se abriu enquanto eles dormiam e seu parasita causou um incêndio ao romper a cápsula onde Ripley estava inconsciente. Um outro ovo permaneceu fechado e se abriu quando o cachorro de um dos prisioneiros da colônia penal se aproximou — a criatura de Alien 3, diferentemente dos outros dois filmes, é gestada dentro de um cão (na versão estendida, é um boi que serve de hospedeiro).
Através dos equipamentos médicos de imagem, Ripley descobre carregar uma criatura dentro de si — que invariavelmente irá matá-la ao sair pela sua caixa torácica. Além disso, ela precisa lutar com a ajuda dos prisioneiros da colônia penal contra a outra criatura já "nascida". Como se não bastassem todos esses problemas, Ripley descobre que a corporação — que é dona da colônia penal — sabe que ela está infectada com uma criatura e enviou uma equipe para resgatá-la.
Logo no início de Alien 3, o espectador toma um soco no estômago ao ver a tristeza da protagonista para com a morte de Hicks e, principalmente, para com a perda de Newt, a quem ela havia se apegado muito durante os acontecimentos de Aliens: o resgate. Em Alien 3, há uma luta contra o tempo para matar a criatura que está solta na colônia e, depois, para Ripley se suicidar. O objetivo dela é frustrar os planos da Weyland-Yutani. A vitória, neste filme, é a derrota da corporação, e para que isso ocorra, todas as criaturas precisam ser incineradas, o que significa que ela também terá que morrer. No final, entretanto, a corporação continua sendo toda-poderosa. Pouco muda, tirando o fato de que agora Weyland-Yutani não poderá mais usar aquela forma de vida extremamente perigosa.
No começo deste filme neo-noir, que se passa na década de 1950, acompanhamos o detetive particular Harold Angel (Mikey Rourke) ser contratado pelo misterioso Louis Cyphre (Robert De Niro). Seu trabalho é ir atrás de um velho cantor dos anos 1940 chamado Johnny Favorite. Favorite havia sumido do mapa e deixado uma grande dívida com Cyphre para trás. A medida que ele vai desvendando o que aconteceu com Favorite, Angel passa a ter memórias de coisas que ele não faz a menor ideia de onde vieram. Aparentemente, Favorite foi para a Segunda Guerra Mundial e teve um trauma severo na cabeça, ao ponto de esquecer tudo o que havia ocorrido com ele. Ficou durante muitos anos internado em um hospital pago com o dinheiro de amigos ricos, mas desapareceu de lá em um determinado momento. As pistas levam Angel de Nova York para Nova Orleans, onde ele descobre que Favorite era envolvido em rituais satânicos e havia participado de um sacrifício humano para conseguir fama e sucesso como cantor.
Para realizar o ritual, Favorite e seus comparsas de Nova Orleans sequestraram um jovem soldado americano que celebrava o ano novo na cidade de Nova York. O nome do soldado era Harold Angel. Favorite comeu não apenas o coração de Angel, mas tomou para si a sua alma, adquirindo as memórias dele. Ele se tornou um cantor famoso, mas foi convocado para servir na guerra, onde foi ferido e esqueceu tudo o que havia acontecido. Não lembrava mais de ter sido cantor, de ter sido Favorite, nem dos rituais que fizeram. Acreditou ser Harold Angel e tornou-se um detetive particular. Ao final do filme, tendo descoberto isso, Angel/Favorite percebe que está totalmente perdido e que não há nada que ele possa fazer para escapar da dívida que tem com Louis Cyphre, figura que ele descobre ser o Diabo, Lúcifer. A alma de Harold Angel/Johnny Favorite queimará no inferno para sempre. Só resta chorar.
Clássico do cinema, baseado na obra Do Androids Dream of Electric Sheep? de Philip K. Dick. No filme, acompanhamos Rick Deckard (Harrison Ford), um "blade runner", detetive cujo trabalho é encontrar e "aposentar" (destruir) robôs biológicos conhecidos como "replicantes". Os replicantes, feitos pela corporação de Eldon Tyrell, são usados em diversos trabalhos considerados perigosos para humanos fora do planeta, em colônias de exploração. No início do filme, os chefes de Deckard demandam um trabalho dele: encontrar quatro replicantes que vieram ilegalmente para a Terra. Seus nomes são: Leon, Zhora, Pris e Roy Batty (Rutger Hauer). A medida que a história caminha, Deckard se envolve com uma replicante nova, criada por Tyrell com memórias falsas de uma vida que nunca teve, o que faz ela acreditar ser humana.
Os quatro replicantes que vieram para a Terra descobrem que eles têm poucos anos de vida e que este prazo está acabando. Um deles, Roy Batty, vai até Tyrell com a ajuda de um dos cientistas humanos que trabalham na corporação. Batty pede para que Tyrell lhe dê mais tempo de vida, algo que Tyrell diz ser impossível. Batty então mata Tyrell. No final do filme, Deckard consegue eliminar todos os replicantes, mas é quase morto por Roy Batty, que está começando a falhar, porque seu tempo de vida está quase acabando. Apesar disso, Deckard é muito mais fraco do que Batty. Ele tenta fugir do confronto pulando do terraço do prédio em que estão para um prédio vizinho, mas fica pendurado na laje. Batty consegue pular entre os dois prédios sem dificuldade e salva Deckard, que estava prestes a cair. Machucado, Deckard senta e escuta o discurso de morte proferido pelo replicante. Batty diz que todas as memórias fantásticas que ele tem do espaço e de suas aventuras se perderão como lágrimas na chuva. Suas últimas palavras são: hora de morrer.
O filme mostra a trajetória de um brilhante e excêntrico cientista, Seth Brundle (Jeff Goldblum), inventor de uma máquina capaz de teletransportar coisas instantaneamente entre duas cápsulas ligadas apenas por alguns fios. A princípio, ele tem dificuldades para teletransportar matéria orgânica, que sempre sai extremamente deformada e danificada na segunda cápsula. Brundle se envolve romanticamente com uma repórter, Veronica Quaife (Geena Davis), e finalmente consegue resolver o problema. Ela testemunha ele teletransportar um macaco que sai são e salvo na segunda cápsula. O próximo passo é testar o processo com humanos. Entretanto, depois de uma briga com Veronica, ele resolve testar a cápsula de teletransporte sozinho, tornando-se o primeiro ser humano a passar pelo processo. O que nenhum deles nota, mas nós da plateia percebemos, é que uma mosca entrou na cápsula com ele. Ao longo do filme, vemos Brundle lentamente se metamorfoseando em uma criatura híbrida, vemos o seu desespero quando ele descobre que seu DNA foi fundido com o da mosca, um processo que ele é incapaz de reverter.
Para tornar as coisas ainda piores, Veronica descobre estar grávida. Sem saber se concebeu antes ou depois da fusão genética de Brundle com a mosca, ela resolve fazer um aborto. Brundle, que foi adquirindo uma força extraordinária e a capacidade de grudar em paredes, sequestra Veronica antes que ela pudesse passar pelo procedimento. Chorando, ele suplica para que ela não aborte o feto, pois o filho deles será a única coisa que terá deixado para trás no mundo. Esse filme tem um dos finais mais tristes (e terrivelmente grotescos) de todos os tempos, quando a metamorfose se completa e o mostro, agora sem a capacidade de falar, tenta arrastar Veronica para a cápsula, com o objetivo de fundir ela e ele num só organismo.
O feito só não acontece porque um amigo de Veronica, que já havia sido ferido pela criatura, atira com uma escopeta na afiação, o que permite que Veronica escape antes do teletransporte ocorrer. O monstro, porém, não consegue escapar totalmente da primeira cápsula e é teletransportado junto com um pedaço da porta para a segunda cápsula. Agonizando de dor depois de ser fundido a um pedaço da porta da primeira cápsula, a criatura se arrasta no chão lentamente e se aproxima de Veronica, que agora segura a escopeta. O monstro, então, usa uma de suas patas para apontar a escopeta para sua própria cabeça. A princípio, Veronica chora e se recusa a matá-lo, mas Brundle-mosca repete o gesto. Veronica então explode os miolos do seu grande amor.
Na década de 1970, uma menina chamada Lucie escapa de um matadouro abandonado onde estava aprisionada há um ano e no qual era submetida a torturas perpetradas por um grupo misterioso de pessoas. Depois de escapar, ela é resgatada e vai para um orfanato. Lá, torna-se amiga de Anna, a única pessoa que percebe que Lucie acredita estar sendo perseguida por uma aparição sobrenatural bizarra. O filme dá um salto de quinze anos no futuro e vemos Lucie invadindo a casa de uma família aparentemente normal e matando todos com uma escopeta. Ela liga para Anna, que vai até o local e fica horrorizada com o que sua amiga fez. Para Lucie, aquela família era a responsável pelo o que havia ocorrido com ela na infância, embora não tivesse como provar. Ela acreditava que conseguiria se livrar das visões sobrenaturais que a atacavam depois que os matasse, mas estava enganada. A criatura volta a atacá-la. Anna, porém, vê apenas Lucie se auto-flagelando. Lucie, percebendo que nunca ficará livre dos seus tormentos, comete suicídio.
Anna, em choque, fica na casa até o dia seguinte, quando escuta barulhos estranhos e descobre uma passagem secreta para um complexo que existe debaixo da casa e se estende para longe. Lá, Anna encontra uma jovem mulher aprisionada, com claros sinais de tortura em seu corpo, o que prova que Lucie estava certa sobre a família. Antes que pudesse ajudar a pobre jovem a escapar, um grupo aparece, mata a prisioneira e aprisiona Anna no calabouço. Uma mulher mais velha, a qual todos se referem como Mademoiselle, vem até Anna e explica para ela o que está acontecendo: eles são parte de uma organização filosófica que busca entender o que ocorre conosco após a morte. Ao longo dos anos, a organização percebeu que determinadas pessoas moribundas, em extrema agonia, parecem enxergar o outro lado da morte, numa espécie de êxtase provocado pela dor. O grupo, chefiado por Mademoiselle, tenta produzir esse efeito nas suas vítimas, chamadas por eles de "mártires".
A organização submete Anna a diversas violências físicas pelas próximas semanas ou meses, algo que não fica bem claro, até o momento em que ela parece começar a enxergar visões sobrenaturais. A partir desse ponto, os torturadores esfolam Anna viva, arrancando toda a sua pele com objetos cortantes. Anna, moribunda, começa a olhar fixamente para um ponto, da mesma maneira que os mártires tão procurados pela organização fazem. Mademoiselle é chamada rapidamente para escutar o que Anna tem a dizer sobre o outro lado da morte. Neste ponto, Anna só é capaz de sussurrar ao ouvido da velha Mademoiselle, que escuta atentamente. Anna morre, e a organização promove um grande evento para finalmente divulgar o segredo em um casarão. Enquanto todos estão se reunindo no salão do casarão, Mademoiselle conversa com um de seus lacaios através da porta do banheiro. Ela pergunta para ele se ele consegue imaginar o que ocorre após a morte. Ele responde que não, ao que ela replica: "continue duvidando". Mademoiselle, então, comete suicídio atirando na própria boca.