Mercadores da Morte: Luciano Hang, Junior Durski, Roberto Justus, Olavo de Carvalho, Edir Macedo, Silas Malafaia, Jair Bolsonaro

Vamos dar nomes à infâmia: Luciano Hang, Junior Durski, Roberto Justus, Olavo de Carvalho, Edir Macedo, Silas Malafaia, Jair Bolsonaro. Esses nomes são agora responsáveis por aquilo que acontecer durante a epidemia de Covid-19 no Brasil, inclusive e principalmente os mortos. Alguns falam que não se deve comentar demais o número de mortos, pois isso seria uma espécie de fetichização da desgraça. Discordo.


O que devemos é esfregar esses números na cara de todos os que ignoram a ciência e as recomendações médicas de ponta. O que devemos fazer é sempre lembrar que esses salafrários minimizaram uma doença contagiosa grave em nome de supostamente salvar a economia do Brasil — economia essa que já estava claramente indo para o buraco desde o ano passado, por mais que eles agora finjam que a culpa dos problemas econômicos do Brasil seja da pandemia de Covid-19. Uma das claras evidências disso é o fato de que, apesar das bolsas do mundo todo apresentarem tendência de queda, é a bolsa de São Paulo que mais tem caído. O mesmo vale para a moeda. Até o peso argentino valorizou frente ao real, e isso já ocorria antes da pandemia.

Não é de hoje que brasileiros (e americanos, também, por incrível que pareça) têm desprezo pela ciência de base. Mesmo que as primeiras opções de curso superior por aqui sejam direito, medicina e engenharia, não faltam advogados, médicos e engenheiros extremamente ignorantes no Brasil. Claro que não são todos, inclusive tenho amigos advogados e engenheiros brilhantes. Mas, mesmo entre essas três profissões essenciais, há algumas pessoas que nunca leram um livro na vida e se orgulham disso. Há aqueles que preferem dar ouvidos a empresários toscos do que a cientistas e pesquisadores de ponta. Então, veja: se até muitas pessoas com formação superior nessas áreas importantes são bolsonaristas, olavistas e ultra-liberais, imaginem os ignorantes que há 15 anos consomem vídeos de "conspiração globalista" no Youtube e frequentam cultos neopentecostais.

Boris Johnson baixou decreto obrigando isolamento no Reino Unido? "Comunista." Angela Merkel dizendo que até 70% dos alemães podem ser infectados sem as medidas de isolamento? "Comunista." A OMS, os médicos e biólogos das melhores universidades da Europa, EUA, Ásia e Brasil afirmam que a taxa de mortalidade mundial até outubro pode variar de 1,4% à 3,5% se não houver quarentena? "Cientista não sabe de nada!" Quem sabe mesmo são os patetas do Olavo de Carvalho, o dono do Madero (que nem sabe falar português direito) e o Roberto Justus. Foram esses imbecis que escreveram o discurso genocida do Bolsonaro da noite de 24 de março, que incentivou as pessoas a irem às ruas e se aglomerarem em "nome da economia". Esqueci de mencionar Luciano Hang, outro gênio que acha que manja muito mais de epidemiologia do que os conselheiros científicos do Boris Johnson e da Angela Merkel.

Esses são os representantes do empresariado bolsonarista: Luciano Hang, dono de loja de varejo; Junior Durski, dono de lanchonete careira que nem um miserável refil tem; Roberto Justus... Não tem um empreendedor de alta tecnologia. Aliás, nem de baixa tecnologia. O seguidor do Bolsonaro e Guedes pode responder: "Ah, mas usamos tecnologia sim, veja o agronegócio". Sim, usamos. Essa é a palavra chave. Usamos tecnologias que na maior parte das vezes são desenvolvidas fora do país e têm suas raízes em estudos de ciência de base realizados décadas atrás em universidades estrangeiras (estudos que só muito depois tiveram alguma aplicação prática). Nossa elite é muito burra e gosta da ciência só quando ela produz conforto, telas de LCD e smartphones.

Esses empresários charlatões dizem que o Brasil estava "decolando" antes da Covid-19. Estava nada. Ano passado tivemos a maior fuga de dólares da nossa história, mesmo com reformas liberais tendo passado no Congresso em 2016 e em 2019. Este ano, antes da pandemia, saiu uma quantidade recorde de investidores estrangeiros do Brasil. Mesmo os nossos industriais investiram pouco, consultem os dados, estão todos na internet. Agora, com a pandemia, esses negadores da ciência têm a desculpa perfeita. Infelizmente, o Brasil parece ainda funcionar na base do extrativismo e mão-de-obra semi-escrava. Para piorar, pessoas como Hang, Durski e Justus acham que se tirarmos direitos dos pobres, nós nos tornaremos um país de primeiro mundo em 50 anos. Parece que esse pessoal tem uma mistura de burrice com vontade de ver pobre morrer.

E o que dizer dos obscurantistas Olavo de Carvalho, Edir Macedo e Silas Malafaia? Todos minimizaram a pandemia e incentivaram aglomerações. Eles, como os outros, também são empresários, mas vendem produtos intangíveis de péssima qualidade. O primeiro deles vende conhecimento falso. Os outros dois vendem terrenos no céu. No caso dos pastores, são oportunistas de quinta categoria, visto que andavam de mãos dadas com Lula e Dilma na época do PT — um erro grosseiro do PT que, aliás, vejo políticos de esquerda querendo cometer de novo, tudo em nome dos votos. Se Boulos fosse eleito, Macedo e Malafaia fariam (ou pelo menos tentariam fazer) a mesma coisa. Ao menos o Olavo de Carvalho já era um reacionário bizarro desde aquela época.

Quanto ao presidente Jair Bolsonaro, não esperem outra atitude que não esconder os números da tragédia nas próximas semanas e meses. Agora que ele desautorizou o ministro da saúde, Mandetta, tudo é possível. Ao menos as secretarias de saúde estaduais talvez continuem a divulgar os números certos, números que já se mostram maiores do que os apresentados pelo governo federal. Contar cadáveres numa epidemia não é fetichismo da desgraça, é justamente o contrário: é não tratar com normalidade uma situação extraordinária que requer cuidados, atenção e dados precisos, justamente para que no futuro a humanidade esteja melhor preparada para situações similares.

Agora, que fique registrado que os nomes de Luciano Hang, Junior Durski, Roberto Justus, Olavo de Carvalho, Edir Macedo, Silas Malafaia e Jair Bolsonaro serão lembrados para sempre. Eles escutarão sobre o papel que tiveram nesta pandemia até o dia em que morrerem. E precisam saber que mesmo depois que estiverem mortos seus nomes estarão associados à monstruosa ideia de que era permissível deixar morrer milhares (potencialmente dezenas de milhares) para que suas empresas vagabundas, que não acrescentam em NADA ao Brasil, continuassem gerando lucro. O que eles poderiam fazer, o que sempre pode ser feito, é pedir desculpas sinceras e tentar se emendar de alguma forma. Mas não fizeram isso. Pelo contrário, dois deles, Durski e Justus, deram desculpas esfarrapadas, dizendo que foram mal entendidos. Não, nós entendemos muito bem. A mensagem ficou claríssima.

Já Bolsonaro, o presidente do país, que tanto fala em imitar Trump e os americanos, não propôs nenhuma ajuda substancial ao povo brasileiro como a que o governo americano acabou de aprovar. É claro que a nossa realidade é diferente da dos EUA, mas dizer que é impossível o Estado brasileiro criar mecanismos emergenciais, ainda que leve a um maior endividamento, é mentir. A dívida pública dos EUA e de outros países que estão fazendo muito mais pelas suas populações e pelos micro e pequenos empresários é muito maior que a do Brasil. Vários desses países possuem algum tipo de imposto sobre grandes fortunas e dividendos. Nenhum desses mecanismos existe ou sequer é cogitado no Brasil nesse período de pandemia. Não: o presidente Jair Bolsonaro, os empresários Luciano Hang, Junior Durski, Roberto Justus, Edir Macedo, Silas Malafaia e Olavo de Carvalho preferem que as pessoas fiquem doentes com a SARS-Cov-2 e que a seleção natural mate aqueles que não forem adaptados o suficiente.

São mercadores da morte.


Por Fernando Olszewski